
Naturatins inicia monitoramento da arraia-maçã no Rio Tocantins
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) deu início ao levantamento e monitoramento da arraia-maçã, também conhecida como aramaçã (Paratrygon aiereba), no Rio Tocantins e seus afluentes.
A espécie, antes comum nas águas do rio, principalmente em ambientes de corredeiras com fundo arenoso, foi recentemente classificada como criticamente ameaçada de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), de acordo com a Portaria MMA n° 148, de 7 de junho de 2022. No Tocantins, a aramaçã foi incluída como espécie focal no Programa de Áreas Protegidas (PAT) Cerrado Tocantins, sendo incorporada na Portaria Naturatins n° 80, de 3 de julho de 2020.
O monitoramento visa não apenas acompanhar a presença da espécie, mas também entender seu comportamento e os impactos de fatores ambientais sobre ela. Segundo o biólogo Oscar Vitorino, do Naturatins, a metodologia envolve a identificação dos ambientes onde a arraia-maçã ainda pode ser encontrada, marcação dos animais por implantes e acompanhamento via telemetria. “Isso permitirá que os pesquisadores rastreiem o deslocamento e o uso do habitat da arraia-maçã no Rio Tocantins. Historicamente, a espécie era registrada com frequência em estudos de impacto ambiental de hidrelétricas, mas as observações diminuíram com o tempo”, explicou Vitorino.
Domingos Garrone Neto, professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), reforça a importância da pesquisa para a preservação da espécie no PAT Cerrado Tocantins. “Este estudo fornecerá dados detalhados sobre o uso do habitat por uma espécie de raia da família Potamotrygonidae, o que é crucial para planejar a proteção dessa e de outras espécies ameaçadas. A telemetria oferece uma visão privilegiada dos padrões de comportamento da arraia-maçã em seu habitat natural, algo ainda pouco explorado para elasmobrânquios de água doce”, destaca o professor.